A Versão do Lobo (Conto Original: Chapeuzinho Vermelho

De tantas e tantas vezes contarem a história de Chapeuzinho Vermelho, a menina doce, meiga e infantil que visitava a vovó e no caminho conhecia o lobo mau, aconteceu algo inesperado que nos faz pensar que talvez o lobo mau não seja tão mau assim.
Conheci, certa vez, esse lobo que vivia no bosque sempre fugindo de caçadores e lenhadores, e ele me pediu para contar a seguinte história para todos que quisessem ouvir:
A Versão do Lobo ...
Em um dia muito ensolarado, eu estava como sempre, fugindo dos caçadores quando -puf- esbarrei numa garota em que eu não conseguia ver seu rosto, pois estava coberto por um chapeuzinho vermelho. A princípio a menina ficou sem reação diante do meu semblante assustado, mas depois me perguntou se eu estava bem e se precisava de ajuda, ela sorriu tão gentilmente que parecia que alguma coisa estava me forçando a dizer sim. Quando eu falei que haviam caçadores me perseguindo e zombando disse que eu não via de que maneira aquela garota indefesa poderia me ajudar ela me surpreendeu me dizendo:
- Seu lobo não se preocupe, o que você acha de vir comigo a cidadezinha depois do moinho para visitar minha avó? O caminho mais longo é mais tranquilo e tenho certeza de que eles não vão lhe procurar por lá e assim podemos fazer companhia um para o outro.
E mais uma vez não pude recusar o pedido doce daquela menina. Então lhe respondi com um pedido:
- Tudo bem, mas você terá que se manter com uma certa distância de mim, para sua própria segurança façamos o seguinte: você vai por um dos lados da estrada e eu vou pelo outro.
- Oh, entendo seu lobo, mas não estou com medo de você, por mais que minha mãe tenha me alertado sobre os perigos do bosque e sobre o lobo mau que mora por aqui. Não acredito que há algum perigo em você
Fiquei tão espantado com o que aquela pequena me disse, que fiquei até com um peso na consciência pela primeira vez em toda a minha existência, como seria possível ela não enxergar perigo algum em mim? Ou eu sei muito bem disfarçar ou será que existe alguma coisa boa dentro de mim? E só ela conseguia despertar isso em mim?
Continuamos a andar pelo caminho por alguns segundos enquanto eu tentava responder minhas próprias dúvidas. Até que o silêncio entre nós foi quebrado.
A menina era tão doce e tão desajeitada que conseguia ser até engraçada. E quando me deparei com a cena da menina esparramada no chão não pude deixar de gargalhar alto. Ela olhou pra mim com um olhar furioso, mas mesmo assim não pude me conter e de novo gargalhei alto até que ouvi um riso baixinho abafado pelas minhas gargalhadas. Quando a olhei de novo ela estava rindo de si mesma e tentando levantar em meio às flores sem muito sucesso. Foi aí que eu corri pra perto dela e ajudei-a a se levantar. Ela sorriu.
Nesse momento, sentindo o toque macio de sua pele, meu instinto e meu estômago, agora roncando depois de um longo tempo caminhando sem comer nada, falaram mais alto e sem pensar dei um salto em sua direção derrubando-a novamente. Quando ouvi o gemido da menina embaixo de mim, senti-me o ser mais horrível de todo o bosque e toda região do planeta. Impossível descrever a minha dor naquele momento.
Sem pensar duas vezes deixei-a ali no chão e corri para a mata sem olhar para trás com medo de que meu instinto prevalecesse novamente, fugi para o mais longe que pude. Mas, quando estava fugindo ouvi um choro vindo da menina que cortou meu coração, mas eu não podia voltar para socorrê-la, pois como poderia salvá-la de mim mesmo?
A fome cada vez mais aumentava, e com ela vinha o cheiro saboroso da menina. Tentei me controlar e quando vi um pequeno animal, ali, tranquilo avancei em cima dele abruptamente tentando saciar minha fome, pelo menos por mais algumas horas.
Voltei para a estrada onde tinha visto a menina pela última vez e corri tentando alcançá-la através do rastro de seu cheiro deixado na mata. Quando a avistei diminuí meu ritmo e dei um leve rosnado triste como se tivesse pedindo desculpa (e eu estava mesmo.)
Quando ela virou para trás levei um susto com o que via, o seu lindo rosto doce de menina estava todo machucado e pensei em como alguém teria coragem de fazer aquilo com ela. Quando a ficha caiu me senti pior ainda e comecei a recuar quando ela me deu um leve sorriso e me chamou.
Eu fui ao seu encontro e comecei a rosnar baixinho em um choro de arrependimento, mas ela gentilmente acariciou meu pêlo e disse que os ferimentos iriam passar e que não era pra mim me preocupar.
Estávamos quase chegando à casa da vovó quando percebemos que os caçadores haviam vindo pelo caminho mais curto e estavam agora procurando por mim na cidade. Fiquei desesperado e quando eu pensava em voltar ela me disse:
- Sr. Lobo, vamos à casa da minha vovó é a primeira da cidade, você entra e eu te escondo dentro do armário.
- Mas chapeuzinho eu não sei se posso aguentar estou com fome e não quero te machucar de novo e nem a sua avó.
- Não se preocupe, eu confio em você.
- Mas não deve confiar, nem eu mesmo confiaria em mim.
Mesmo sabendo do perigo que era para a pequena e sua avó aceitei o pedido de chapeuzinho e me dirigi com ela por trás dos arbustos até chegar à casa da vovó.
Quando chegamos entrei e vi aquela pobre senhora na beira da cama quase que morrendo. A doença estava consumindo ela aos poucos e ela contava a chapeuzinho que a dor era insuportável. Como a pobre senhora mal enxergava ela não se deu conta de que sua pequena netinha estava acompanhada de um lobo muito perigoso; eu.
Quando ouvi a vovó falando, se apoderou de mim um sentimento de querer acabar com a dor que ela estava sentindo, mas eu sabia que isso iria magoar chapeuzinho.
- Minha netinha se tivesse um modo de acelerar minha partida eu com certeza já teria o feito.
- Ah, vovó não fale assim. Eu quero a senhora comigo e não me fale mais em partir, pois bem, te trouxe alguns dos quitutes que você mais gosta e que minha mãe preparou. Vou ir à cozinha pegar para trazer para a senhora.
Quando chapeuzinho nos deixou sozinhos eu cheguei próximo a vovó. Quando ela tocou meu braço ela disse:
- Mas que braços peludos você tem.
- São para me aquecer no frio.
- Ó, quem me dera ser assim.
- Acredite, a senhora não gostaria de ser um perigo a todos.
- Ó, você pode me fazer um favor?
- Dependendo, se tiver ao meu alcance.
- Acabe com o meu sofrimento rapaz.
- Mas isso magoaria chapeuzinho
- Por favor.
E, nesse momento, meu instinto prevaleceu novamente e quando vi tinha devorado a vovó. Chapeuzinho entrou trazendo uma bandeja de quitutes as quais ela derrubou quando viu o que tinha acontecido. Ela ficou em estado de choque.
- ME PERDOE! Meus instintos falaram mais alto. Eu te disse que era perigoso.
E sem pensar saí da casa e dei de cara com os caçadores que num tiro sem pontaria alguma erraram e eu tive a chance de fugir, talvez a única.
Depois do ocorrido, todos contaram a história do seu jeito, não sei como chapeuzinho lidou com tudo isso afinal, nunca mais me atreveria a entrar na vida dela. E hoje, vivo sozinho e censurado pela minha consciência, tentando lutar contra o meu instinto e fugir de minhas próprias lembranças.
E essa é a versão do lobo de Chapeuzinho Vermelho. Você escolhe se acredita ou não. A verdade e a mentira estão na mente de quem ouve e não de quem conta.

FIM!

autora: EU :D

Espero que tenham gostado ^^

Beijos da Mari ;**

3 comentários:

Marilene disse...

Parece CREPÚSCULO :D Beeem maassa ! sempre teem os dois lados neeh =)

Rodrigo disse...

caramba...
na real tah melhor q a original!!!
meio triste mas tah muito boa msm...
parabens... bjôsss

Mαriαηє Silvαηα disse...

valeuuu rodrigo *-*
obrigada mesmo mas nem tah tããão bom assim haha
beijooos ;*

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